domingo, maio 28, 2006

PEÇO SOCORRO À "IRMANDADE"

José Miguel Júdice - "Porque é livre como o vento" - no Público de hoje. Excerto da crónica:

«Os tempos estão podres. Mas, apesar disso - e nisso reside a esperança -, um pouco por todo o lado vai-se formando uma Irmandade de Homens Livres, vindos de partes diversas(…)».


(Retirado de www.incursoes.blogspot.com, de 26.05.06)



Infelizmente, no meu caso, eu não vejo muito uma “Irmandade de Homens Livres”, embora a busque.
O que vejo, isso sim, é cada vez mais “homens” que só querem cheirar a "esperma e a 'bacalhau' e a álcool" e a terem ódio a quem sequer lê (sim, ódio à simples leitura, que eles bastam-se com os "contactos") e se procura cultivar (e pensar) mais e mais e ter opinião própria.

Não se corta (nunca se corta, apesar das tentativas) apenas a raiz ao pensamento.

Corta-se também a raiz da própria Justiça.
Conheço essa Irmandade quase só dos livros.
Há sempre alguém que resiste...(conheço alguns poucos...).

É verdade, mas não encontro muitos apoios dessa Irmandade (talvez apenas de um ou outro Bom Amigo) mas, muito pelo contrário, a crítica agridoce daqueles do "esperma e do ‘bacalhau’ e do álcool" que nos chamam de "naíves" e querem que nos adaptemos ao seu mundinho consumista e mundano do “gossip” a que chamam de politicamente correcto e adaptado.
Daqueles das ideias-feitas e/ou formatados.
Daqueles que são o rosto do portugal conformado, mas importante.
Portugal FEDE!

Peço socorro à Irmandade!


sexta-feira, maio 26, 2006

EU TENHO UM GRANDE AMIGO

Posso dizer solenemente que tenho um Grande Amigo.

Grande Amigo porque sente as minhas “dores” como se fosse eu próprio e eu sinto as suas como se fossem minhas.

Não há maior riqueza no Mundo do que ter um Grande Amigo.

Nem todos têm essa riqueza.

Eu tenho.

Um Grande Abraço, Amigo Jorge.

domingo, maio 14, 2006

QUEM É MAIS PERIGOSO: O PRESIDENTE DO IRÃO OU BUSH?

Pode ler em http://jangada-de-pedra.blogspot.com/2006/05/carta-de-ahmedi-nejad-bush.html, a carta do Presidente iraniano a George W. Bush e tirar as suas conlusões.

sexta-feira, maio 12, 2006

RECRUTAMENTO DE JUÍZES

AO FIM DE MAIS DE CINCO ANOS - mais precisamente 1861 dias, contados hoje - ainda o STA não decidiu o meu recurso de uma decisão disciplinar expulsiva contra mim e em que me imputavam prática de crime que os competentes Tribunais criminais afirmaram e decidiram, fundada e justificadamente, não existir, em DESPACHO DE NÃO PRONÚNCIA, tudo com trânsito em julgado.
Queremos - todas as pessoas de bem querem! - juízes isentos e imparciais.
Não os queremos, porém, e por isso, indiferentes.
A falta de sensibilidade e a indiferença que os juizes (de direito) do STA demonstram, no meu caso, seria igual se os juizes também fossem recrutados em outras áreas de saber, como a psicologia, mesmo a sociologia ou a filosofia?
Estou em crer que não!
Não será que o Ministro da Justiça (secundando Boaventura de Sousa Santos) tem razão nesta questão?
A realidade está à vista.
Mas aceitam-se argumentos.

A IRA SEGUNDO ARISTÓTELES OU SÉNECA?

“Como disse, há duas circunstâncias que suscitam a ira: a primeira é pensarmos que fomos injuriados (…); a segunda é termos sido injuriados injustamente (…).”

- “Não há dúvida, concluirás tu (diz Séneca a Sereno) que a ira é uma peste terrível; diz-me então como se deve curá-la. – Ora, tal como eu disse nos livros anteriores, Aristóteles defendeu a ira e recomendou que não a anulássemos: afirmou que ela era o aguilhão da virtude e que, se a afastássemos, a alma se tornava inerme e incapaz dos grandes cometimentos. A alma deveria, pois, manifestar a sua perversidade e a sua ferocidade e evidenciar o monstro que é o homem enfurecido contra o homem e com quanto ímpeto se precipita não só para a destruição dos outros, mas também para a sua, não podendo levar os outros ao abismo sem que também ele se afunde. Isto será aceitável? Considerar são aquele que, como que arrastado por uma tempestade, não caminha por si mesmo mas é levado e feito escravo de um delírio furioso, não confiando a ninguém a sua vingança, mas executando-a ele próprio, com a alma e as mãos enfurecidas, tornando-se o carrasco daqueles que mais ama, cuja perda lamentará de imediato? Apresentar, como companheira e ajudante da virtude, uma afecção que perturba a reflexão, sem a qual nada pode fazer a virtude? As forças que a doença e os acessos suscitam no doente são caducas, de mau augúrio e só anunciam o pior. Não penses, por isso, que perco o meu tempo com coisas vãs, como se fosse duvidoso, aos olhos dos homens, que a ira é infame, pois houve um homem, com efeito, um dos mais ilustres filósofos, que lhe atribuiu um papel e que a considerou útil, porque creditava que ela dava ânimo nas batalhas, nas acções e em tudo aquilo que deve ser feito com algum ardor. Para que não nos enganemos, seja qual for a circunstância ou o local, devemos manter a fúria refreada e contida (…). Pretendo impedir que alguém se julgue livre da ira, pois também nos seres mais doces e mais calmos a natureza desperta a crueldade e a violência.(…)A ira não escolhe idade nem estatuto social. (…) A ira é um perigo tanto para os homens que têm uma vida irrequieta como para os que são mais serenos e equilibrados, para os quais é tão mais funesta e perigosa quanto mais mudanças neles provoca. Mas, tendo em conta que o mais importante é, em primeiro lugar, não nos irarmos, em segundo lugar, deixarmos de estar irados, em terceiro lugar, curar a ira de outra pessoa, recomendarei, primeiramente, que não fiquemos irados, depois, que nos libertemos da ira e, por fim, para travar e apaziguar um homem irado, reconduzi-lo à razão.(…). A ira traz o luto ao pai, o divórcio ao marido, o ódio ao magistrado, a oposição ao candidato. A ira é pior do que a luxúria, pois esta rejubila com o prazer, a ira rejubila com o sofrimento dos outros. Ela vence a malícia e a inveja: estas querem ver alguém infeliz, a ira faz os outros infelizes; estas deliciam-se com os males que acontecem aos outros, a ira não fica à espera do que a fortuna dita: fere aquele que odeia e não quer ser ferida. (…) Nada é mais penoso do que os conflitos. (…) Quem te lesou ou é mais fraco ou mais forte do que tu; se é mais fraco, poupa-o; se é mais forte, poupa-te a ti.”



(Séneca, sec. I a.C., “Da Ira”, Livro II, XXXI.1 e Livro III, III.1-6, V.1-6 e 8)


COMENTÁRIO:

Segui, durante longo tempo, o arquétipo que me era dado pela expressão “Colendos Conselheiros” (“Conselheiros” são juízes do Supremo Tribunal de Justiça) que se indignariam e deixariam levar pela ira, apenas e tão só perante a(s) Injustiça(s), segundo a lógica de Aristóteles.

Hoje, sou inequivocamente, nesta questão, seguidor de Séneca.

Sei o que é sofrer na pele as consequências da ira, mesmo que estritamente quando me senti injuriado por Injustiça(s), ainda que julgando, como Aristóteles, estar a servir a virtude.
Séneca "tem" razão.

RARIDADE DO JULGAMENTO PERFEITO

"Devido ao homem ter tendência para ser parcial para com aqueles a quem ama, injusto para com aqueles a quem odeia, servil para com os seus superiores, arrogante para com os seus inferiores, cruel ou indulgente para com os que estão na miséria ou na desgraça, é que se torna tão difícil encontrar alguém capaz de exercer um julgamento perfeito sobre as qualidades dos outros."
(Confúcio, filósofo chinês, sécs. VI-V a.C.)
Comentário:
Quem for capaz de exercer um julgamento perfeito sobre as qualidades dos outros, é, certamente, liquidado pelo homem vulgar acima descrito.

quarta-feira, maio 10, 2006

"COPOS" E LIBERDADE

«Às vezes, é preciso atingir o estado de embriaguez, não para que nos afundemos, mas sim para que nos acalmemos: de facto, a bebida dissipa todas as preocupações, eleva o ânimo e cura não só algumas doenças, como também a tristeza. O inventor do vinho foi chamado Liber não por causa da sua língua licenciosa, mas sim porque o vinho liberta a alma das preocupações que a condicionam, fortalecendo-a, revigorando-a e tornando-a mais audaz em todas as suas empresas. Mas, tal como a liberdade, o vinho só é benéfico quando tomado com moderação. (...). Mas não convém recorrermos sempre à bebida, para que a alma não faça dela um mau hábito; porém, devemos, por vezes, dar largas à nossa alegria e à nossa exuberância, dispensando, por vezes, a sobriedade. De facto, se acreditarmos no poeta grego: "Enlouquecer é, por vezes, alegre"; em Platão: "um homem de bom senso bate à porta da poesia em vão"; ou em Aristóteles: "nunca houve nenhum génio sem uma ponta de loucura". Só uma mente perturbada pode dizer algo grandioso e acima do que os outros homens normalmente proferem. Quando despreza os pensamentos vulgares e os lugares comuns e é erguido às alturas pela inspiração sagrada, o homem entoa palavras grandiosas com a sua boca mortal. Enquanto uma pessoa está em si, não pode alcançar o sublime ou o inatingível: deverá, por isso, desviar-se do caminho normal, revoltar-se, morder o freio, arrancar as rédeas ao cavaleiro, levando-o a alturas que ele temeria atingir.»
(Séneca, séc. I d.C., "Da Tranquilidade da Alma", XVI-8-11)

terça-feira, maio 02, 2006

MAGISTRADO VERSUS "BANDIDO"


Mais depressa e facilmente tornarei um "bandido" honesto do que um "bandido" me tornará desonesto.

(Um Magistrado)

CONDENAÇÃO À MORTE E PROMESSA

"Aos seus amigos, que estavam tristes por perderem semelhante homem, disse [Cano]: «Porque estão tristes? Vocês interrogam-se se a alma é eterna. Eu vou sabê-lo em breve». Até ao fim não deixou de perscrutar a verdade e de fazer da sua morte tema de discussão. O seu mestre de filosofia acompanhava-o, e quando já estava muito longe do túmulo em que se fazia o sacrifício diário ao nosso deus, o César, perguntou-lhe: «Cano, em que estás a pensar? Qual é o teu estado de espírito?». Cano respondeu: «Tenho a intenção de observar, naquele instante velocíssimo, se consigo sentir a alma a sair do meu corpo». E prometeu ainda que, se descobrisse alguma coisa, haveria de voltar para os seus amigos e revelar-lhes qual a condição das almas".
(Séneca (séc. I d.C.), "Da Tranquilidade da Alma", XIV, 8-9)

segunda-feira, maio 01, 2006

COMPROMISSO


"Aceitemos com grandeza de ânimo tudo aquilo que a constituição do universo nos obriga a suportar; somos impelidos a este compromisso: suportar as contingências de sermos mortais e não nos perturbarmos com aquilo que não podemos evitar. Nascemos num reino: ser livre é obedecer a deus".

(Séneca, "Da Vida Feliz", I.XV.7)
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