terça-feira, dezembro 23, 2014

O ALFA E O ÓMEGA...


No princípio era a CONSCIÊNCIA...
E a CONSCIÊNCIA observou-se - selectivamente e com livre-arbítrio - a SI PRÓPRIA...
Assim apareceu o MUNDO...
PARA, num processo EVOLUTIVO, originar manifestações INDIVIDUAIS de CONSCIÊNCIA, capazes de se observarem - selectivamente e com livre-arbítrio - a SI PRÓPRIAS, e CRIAREM NOVOS MUNDOS...
E assim, "AD AETERNUM"...
Eis o MISTÉRIO do ALFA e do ÓMEGA...

- Victor Rosa de Freitas -

sexta-feira, dezembro 19, 2014

DIVAGAÇÕES SOBRE A VERDADE...


Estão dois indivíduos a conversar sobre a "verdade"...
Cada um deles tem uma concepção sobre ela...
Para um terceiro, que "observa" aqueles dois, qual é a "verdade"?...
Para este, a "verdade" é que estão dois indivíduos a conversar sobre a "verdade", cada um com o seu ponto de vista...
Para um quarto "observador", que "observa" o terceiro a "observar" os dois iniciais, a "verdade" consiste em haver um "observador" a "observar" os dois iniciais indivíduos a conversar sobre a "verdade"...
E assim sucessivamente, com o aparecimento de novos "observadores"...
SÓ QUANDO houver um "observador" que SE OBSERVA A SI PRÓPRIO e aos demais "observadores" que se observam sucessivamente e aos dois iniciais indivíduos que conversam sobre a "verdade" - só quando houver um tal OBSERVADOR que se OBSERVA A SI PRÓPRIO e aos OUTROS, ao MESMO TEMPO -, se poderá dizer que ESTE ÚLTIMO TEM A VERDADE...
Apliquemos este raciocínio à EXISTÊNCIA e é INEXORÁVEL CONCLUIR que o último referido OBSERVADOR é... DIVINO ou... DEUS...

- Victor Rosa de Freitas -

terça-feira, dezembro 16, 2014

A LIBERDADE DE EXPRESSÃO COARCTADA PELA "JUSTIÇA"!!!...INACREDITÁVEL!!!...


A "justiça", quando apanha um "arguido", não descansa enquanto não lhe "parte a espinha"... 

Realmente, este mundo está cheio de decisores imponderados e em desequilíbrio... que primam pela incoerência, falta de objectividade e prática de ilegalidades... 

É que a "pena da rolha" não está prevista em nenhum Código Penal ou de Processo Penal (proibir contactos com "certos indivíduos" - o que visa impedir uma "conversa sinalagmática", passe a expressão -, é uma coisa compreensível; proibir a liberdade de expressão em relação a um universo indefinido, é bem outra, incompreensível e inadmissível)... 

Trata-se de puro abuso de poder...

Confrontar, AQUI!...

- Victor Rosa de Freitas - 

segunda-feira, dezembro 15, 2014

A CONQUISTA DA «LIBERDADE ACADÉMICA»... NA IDADE MÉDIA...


«Em Março de 1229, no início do Carnaval pré-Quaresma - que era muito semelhante a um carnaval dos tempos modernos, com máscaras, comportamentos desinibidos e tudo - um grupo de estudantes da Universidade de Paris viu-se envolvido num conflito com um taberneiro por causa da conta. Começaram à pancada, os outros clientes apoiaram o taberneiro e os estudantes foram espancados e atirados para a rua. Voltaram no dia seguinte com reforços e varapaus, entraram na taberna, espancaram o taberneiro e os clientes, partiram tudo e continuaram depois os distúrbios na rua.
«As autoridades municipais exigiram um castigo. As autoridades universitárias escudaram-se na dispensa, concedida pela Igreja, de comparecer perante os tribunais, uma vez que a universidade era uma instituição religiosa. Mas Branca de Castela, mãe de Luís XIV, que era, à altura, regente do trono de França, exigiu um castigo. A universidade permitiu então que as autoridades municipais levantassem um processo contra os estudantes. Infelizmente, os guardas municipais prenderam um grupo de estudantes que não tinham participado nos distúrbios e chegaram mesmo a matar alguns deles.
«A universidade entrou em greve. Os docentes recusaram-se a trabalhar e as aulas foram todas canceladas. Muitos estudantes voltaram para casa; alguns foram para outras universidades, incluindo Oxford e Cambridge. A greve provocou uma crise económica grave em Paris.
«Dois anos depois, o Papa Gregório IX, ele próprio licenciado pela universidade, publicou uma bula que garantia à instituição uma liberdade total das autoridades locais - incluindo os dirigentes eclesiásticos -, colocando-a sob a alçada directa do papado. A universidade ficava, assim, com o direito de estabelecer as suas próprias regras e estatutos, assim como o direito exclusivo de castigar as violações a essas regras e estatutos. Mesmo os processos criminais levantados contra docentes e estudantes só podiam ser julgados num tribunal eclesiástico, nunca num tribunal civil. A bula papal passou a ser a carta estatutária da universidade, que, por sua vez, serviu de modelo para outras novas universidades.
«Além de garantir a isenção eclesiástica das autoridades civis, a carta estatutária punha todo o poder nas mãos do corpo docente. Era este quem decidia quem era admitido nas suas fileiras e que o não era. Resumindo em poucas palavras, a universidade gozava de uma «liberdade académica» praticamente ilimitada.»
(In "O TRIUNFO DO OCIDENTE", de Rodney Stark, Guerra e Paz Editores, págs. 177 e 178)

domingo, dezembro 07, 2014

CARISMA, BUROCRATIZAÇÃO DO PODER E TOTALITARISMO...


«Os grupos sociais não vêem inconveniente em outorgar poder social àquelas pessoas que sobressaem, por terem um carisma ou um dom que as torna especiais e superiores em algum aspecto da vida. É o caso dos grandes generais, como Napoleão, ou dos governantes excepcionais, ou, no caso da cultura, dos grandes poetas, ou músicos, etc. É fácil conceder o lugar de líder a quem exibe qualidades que o situam muito acima da generalidade. Os dons, os carismas, são qualidades que colocam automaticamente certas pessoas acima das outras.
«No caso concreto das religiões, não há dúvidas de que todas tiveram na sua origem um carismático de profunda experiência religiosa. Se isto não tivesse sido assim, essas religiões não teriam surgido. O problema do carisma é que tem carácter pessoal e intransferível, de tal modo que morre com o próprio carismático. O carisma não se herda. Daí que, com a morte do carismático, os seus seguidores procuram gerir o poder não no seu próprio nome, mas no do carismático, legitimando-se não em virtude das suas próprias qualidades, mas das qualidades do carismático, das quais se consideram herdeiros. É o tipo de gestão do poder que Weber denomina «tradicional». Isto aconteceu em todas as dinastias, tanto religiosas como civis. Não é preciso dizer que os seguidores do carismático carecem da personalidade forte e da capacidade de arrastar multidões do fundador, razão pela qual têm de compensar essa falta de espontaneidade com um incremento proporcional das regras e das normas, de tal modo que agora actuará correctamente não quem viva o carisma mas quem cumpra as regras estabelecidas. Diminui o impulso criativo e interno e aumenta o controlo repressivo e externo.
«Mas as coisas não terminam aí. Weber comprovou isto, analisando a evolução do maior poder social existente no mundo moderno, o próprio do Estado. Num determinado momento da sua evolução, o poder tradicional evolui para outro tipo, o último, que Weber denomina «burocrático». Este é o fim natural a que conduz, provavelmente de modo necessário, a gestão tradicional do poder. As regulamentações crescem cada vez mais e o carisma vai-se perdendo progressivamente na distância. Pouco a pouco, a gestão do poder impersonaliza-se completamente. É nisto que consiste a burocracia. De certo modo, a gestão tradicional é uma fase intermédia entre a carismática, estritamente pessoal, e a burocrática, completamente impessoal. O exemplo paradigmático de instituição burocrática é o Estado moderno. Trata-se de uma instituição com personalidade jurídica, mas sem rosto físico. Isto torna-o profundamente impessoal. O Estado não é ninguém em concreto, de tal modo que quem gere o seu poder o faz temporariamente, e, além disso, não pode identificar-se com a instituição, neste caso o Estado. O Estado é uma coisa, e os seus gestores, aqueles que detêm o seu poder, são outra muito diferente. O Estado não é ninguém pessoal, é a impersonalização pura, uma realidade sem rosto e, em última análise, sem consciência. Tem personalidade jurídica mas carece de personalidade moral. Hannah Arendt defendeu num livro célebre, "The Originis of Totalitarianism", a tese de que a burocratização do poder conduz necessariamente à despersonalização dos cidadãos e, como consequência disto, ao totalitarismo.»
Diego Gracia - Médico, filósofo, bioeticista. Universidade Complutense, Madrid.
(In "DEUS AINDA TEM FUTURO?", coordenação de Anselmo Borges, Gradiva, págs. 239 a 241)
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