segunda-feira, janeiro 19, 2015

SOLIPSISMANDO...


Num Estado de Direito, os conflitos entre egos e interesses querem-se dirimidos através da arbitragem da LEI...
Só que - ao que se constata - os conflitos dos egos e interesses são dirimidos pela arbitragem dos egos dos julgadores, que usam, muitas vezes, de um linguajar meramente jurídico, que não LEGAL...
A Justiça quer credibilidade junto da opinião pública...
Embora não havendo arbitragem da Lei, mas dos egos dos julgadores - e interesses alheios aos critérios LEGAIS -, há sempre pessoas que, no meio daqueles conflitos, "julgam" que são praticados actos de Justiça, segundo a Lei...
Só que a credibilidade desta "justiça" assenta na comunicação social, na propaganda e nos interesses pontuais das pessoas...
E - mais tarde ou mais cedo - as pessoas em geral aperceber-se-ão de que a arbitragem da "justiça" não assenta na Lei, mas nos egos dos julgadores e que, por isso, estes não têm legitimidade para julgar, já que tal legitimidade decorre, afinal, da própria LEI, pelos julgadores violada...
A continuar assim, será o desmoronar do Estado de Direito...
A "justiça", afinal, resumir-se-á a um combate político entre poderes de egos - e respectivos interesses por detrás -, sem a segurança da previsibilidade e sem a legitimidade que só a LEI pode dar...
Disse!
- Victor Rosa de Freitas -

sexta-feira, janeiro 16, 2015

ENSIMESMANDO E POLITICANDO...


Há pessoas que vivem acima das suas possibilidades, isto é, gastam mais do que os rendimentos que auferem...
O que podem fazer estas pessoas?
Das duas, uma:
Ou reduzem as suas despesas, ou...
Ou aumentam os seus rendimentos...
Assim também estão os Estados e os países...
Quando estes vivem acima das suas possibilidades, ou fazem austeridade, ou fazem o país crescer economicamente...
Num sistema capitalista, em que se quer mais e mais produção, a austeridade é um absurdo - e ainda mais, quando as despesas do Estado são falsas, isto é, são produto do roubo, por alguns, dos rendimentos do mesmo Estado, pelo que a Justiça poderia e deveria repor os rendimentos "desviados" por alguns para o bem estar geral -, a não ser na estrita medida de se procurar um orçamento equilibrado...
Sem aumento de rendimentos do país - isto é, sem desenvolvimento económico -, este está condenado à miséria...
Os Estados e os países não podem ser vistos, a nível orçamental, como uma dona de casa cujos rendimentos são limitados "àquilo"...
Os Estados e os países devem produzir cada vez mais...
Sem "isso", não há "austeridade" que os salve...
Para além disso, no sistema bancário e financeiro que temos, o dinheiro - na percentagem de cerca de 95% do que circula - é feito do "nada"...
Ponha-se, para pagar a "dívida pública", designadamente dos países europeus, o Banco Central Europeu a criar dinheiro do "nada", sem pagamento de juros ou capital, nem contrapartidas, a não ser os países beneficiários terem que ter um orçamento equilibrado... E invista-se a liquidez assim obtida no desenvolvimento económico dos países, com uma Justiça a impedir e a combater a roubalheira dos dinheiros públicos feita através de negócios criminosos...
Nada mais!
(AH! Mas os "interesses" da banca e do sector financeiro - e portanto, a definição política - não o aceitam... Donde, o combate político dos cidadãos conscientes...).
Disse!
- Victor Rosa de Freitas -

segunda-feira, janeiro 12, 2015

O QUE PODEMOS DIZER ACERCA DE DEUS?...


«Que podemos nós dizer acerca de Deus? Em primeiro e último lugar, as palavras do salmo: «Nuvens e trevas o envolvem.» Ou, na linguagem melodiosa da "Bíblia de Kralice", «entre os sons da arpa e dos címbalos, uma manta de nuvens o envolve». A fé e o ateísmo são duas visões dessa realidade - o ocultamento de Deus, a sua transcendência e o seu mistério impenetrável. São duas interpretações possíveis da mesma realidade, vistas de dois lados opostos.
«Afirma São Tomás de Aquino que, embora nos seja possível convencermo-nos intelectualmente da existência de Deus, somos obrigados a acrescentar que não sabemos "quem" é Deus (o que Ele é «em si próprio») e "como" é que Ele é e aquilo que o verbo "É" significa quando se refere a Deus. Isso ultrapassa toda a nossa experiência, toda a nossa imaginação, e o âmbito do nosso raciocínio; como Anselmo ensinava, Deus é maior do que tudo aquilo que possamos conceber. Deus "não é", decididamente, no sentido de que "nós somos" ou de que as coisas "são", ou de que o mundo "é". É essa diferença radical entre a sua existência e a nossa existência no mundo que dá lugar à existência do ateísmo e do agnosticismo... e também da fé. Se Deus fosse vulgar e estivesse sempre «ao alcance da mão», não faria sentido na fé arrebatada, não implicaria coragem da esperança humana dizer que "sim" frente ao incompreensível, dizer esse "sim" frente a tudo o que nos impele a proferir um "não" resignado ou, na melhor das hipóteses, um cético "talvez". É precisamente por isso que a interminável confrontação entre fé e descrença é tão fascinante e dramática.
«Apesar de tudo, a Bíblia é um livro de paradoxos - quase todas as suas afirmações são contrabalançadas por outras afirmações que são, ou parecem ser, os seus opostos, o que nos impede de nos espojarmos preguiçosamente à superfície das coisas ou na necrose pouco profunda das certezas ultrafáceis. Um dos paradoxos da Bíblia consiste em duas afirmações que devem ser tratadas com uma enorme cautela, de tal modo que uma contrabalance suavemente a outra: «Deus é um mistério impenetrável» ("Ele habita uma luz inacessível"), mas também, Deus e o homem são semelhantes ("Deus criou o homem à sua própria imagem").
«"Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou", lemos na primeira página da Escritura. Assim, Deus e o homem são, de certo modo, semelhantes. Contudo, se exagerarmos esta verdade, acabaremos com noções antropomórficas primitivas de Deus, e daí só falta um breve passo para a afirmação oposta dos ateus, segundo a qual o homem criou Deus à sua própria imagem.»
(In "PACIÊNCIA COM DEUS", de Tomás Hálík, Paulinas Editora, págs. 85 a 87)

quinta-feira, janeiro 01, 2015

É NECESSÁRIA A MUDANÇA DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA...


«O medo, a ganância e o desejo de poder são as forças psicológicas que sustentam a guerra e a violência entre nações, tribos, religiões e ideologias, além de serem também a causa de incessantes conflitos nas relações pessoais. Provocam uma distorção na nossa percepção de nós próprios e das outras pessoas. São elas que nos levam a interpretar mal uma situação, conduzindo a acções despropositadas concebidas para nos libertar do medo e satisfazer a nossa necessidade de "mais", que é um poço sem fundo.
«Porém, é importante realçar que o medo, a ganância e o desejo de poder não são a tal disfunção de que estamos a falar, mas sim o seu produto. Esta disfunção é uma ilusão colectiva profundamente enraizada na mente de cada ser humano. Há uma série de ensinamentos espirituais que nos aconselham a abandonar o medo e o desejo, mas estas práticas espirituais geralmente não dão resultado. Não vão à raiz da disfunção. O medo, a ganância e o desejo de poder não são os principais factores causais. Tentarmos ser seres humanos bons ou melhores parece ser uma coisa louvável e de sentimentos nobres, mas é um esforço pelo qual não obteremos frutos, se não se verificar uma mudança na consciência. Esta tentativa ainda faz parte da mesma disfunção, é uma forma mais subtil e invulgar de narcisismo, de querer obter sempre mais, de desejar uma consolidação da nossa identidade conceptual, da imagem que criamos de nós próprios. Não nos tornamos bons tentando ser bons, mas encontrando a bondade que já existe dentro de nós e deixando-a vir à superfície. Porém, tal só é possível se algo de fundamental mudar no nosso estado de consciência.
«A história do comunismo, originalmente inspirado em ideais nobres, ilustra de forma clara o que acontece quando as pessoas tentam mudar a realidade exterior - criar um novo mundo - sem terem promovido anteriormente uma mudança na sua realidade interior, no seu estado de consciência. Fazem planos sem ter em conta a garantia de disfunção que todos os seres humanos carregam consigo: o ego.»
(In "UM NOVO MUNDO", de Eckhart Tolle, Editora Pergaminho, págs. 17 e 18)
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